O Tupolev Tu-144 (designação NATO: Charger) é um aviãosupersônico construído pelo fabricante soviético Tupolev. O primeiro voo de um protótipo do Tu-144 foi realizado em 31 de dezembro de 1968 perto de Moscou, dois meses antes do Concorde, seu concorrente franco-britânico. O Tu-144 cruzou pela primeira vez a barreira do som a 5 de junho de 1969, e em 26 de maio de 1970 tornou-se o primeiro avião comercial a exceder Mach 2. No ocidente, foi apelidado de Concordski, em referência ao Concorde. É considerado o avião comercial mais rápido do mundo.[2]
História
O primeiro protótipo (CCCP-68001) voaria em dezembro de 1968. Porém o primeiro exemplar de pré-série (CCCP-77101) mostrou uma configuração um pouco diferente do protótipo. Durante o programa de testes, o avião atingiu Mach 1 (a velocidade do som) em junho de 1969, e superou, como primeiro avião comercial do mundo, a marca de Mach 2 (duas vezes a velocidade do som), em maio de 1970.
Os testes em rota começaram a ser feitos pela Aeroflot em dezembro de 1975, na rota Moscou–Alma-Ata, no Cazaquistão, e em novembro de 1977 começaram os voos regulares entre as duas cidades, serviço que foi interrompido em junho de 1979 após um acidente com o primeiro TU-144D, ainda em fase de testes. Apenas dois exemplares efetuaram voos comerciais com passageiros: 77109 e 77110. No total, apenas 55 voos comerciais foram realizados, em um total de 3284 passageiros, ou seja, menos de 80 por voo.[3] A utilização comercial do Tu-144S foi bastante prejudicada pelo seu pequeno alcance, já que o voo supersônico exigia a utilização dos pós-queimadores em todo o percurso (ao contrário do Concorde, que os utilizava apenas na decolagem e aceleração inicial).
Até ao fim da produção foram construídos 16 aeronaves do modelo TU-144: Um protótipo (número 68001), um exemplar de pré-produção TU-144S (77101), nove exemplares TU-144S (77102-77110) e cinco TU-144D (77111-77115). Um sexto TU-144D (77116) permaneceu incompleto.[4]
No início dos anos 90, a empresa IBP Aerospace negociou um acordo com a NASA, Boeing, Tupolev e Rockwell para um programa denominado High Speed Commercial Research, com a intenção de projetar um supersônico de segunda geração. Em 1995, o TU-144D número 77114 passou por profundas modificações (a um custo estimado em US$ 350 milhões), incluindo novos motores, e foi designado TU-144LL (LL sendo a abreviação para Letayuschaya Laboratoriya, Laboratório Voador em russo) 27 voos foram realizados entre 1996 e 1997. O projeto foi considerado um sucesso técnico, mas foi interrompido por falta de fundos em 1999. Em 2001 o TU-144LL recebeu uma oferta de US$ 11 milhões em um leilão on-line, mas a operação não se concretizou porque o governo russo não autorizou a venda dos motores Kuznetsov NK-321, considerados segredo militar.
A capacidade máxima autorizada é de 167 passageiros, embora nenhuma unidade tenha sido configurada com essa capacidade, e, ao contrário do Concorde, utiliza 5 assentos por fileira. Externamente, o Tupolev Tu-144 é muito parecido com o Concorde — destacam-se no Tu-144 os canards (pequenas asas dianteiras) retráteis e o desenho de suas asas ter cortes retos.
Acidentes
No Show Aéreo de Paris em 3 de junho de 1973 o Tu-144 teve o seu primeiro acidente fatal, envolvendo a aeronave de número de série 01-2. Durante uma passagem em baixa velocidade, com o bico estendido, um Mirage IIIR voou próximo ao Tupolev para colher imagens da aeronave soviética. A tripulação do comandante Kozlov foi surpreendida, já que não havia sido informada do voo do Mirage.
Passado um ano do acidente foi anunciado que não houve falha da aeronave nem de construção, mas sim humana. Duas causas prováveis foram consideradas: uma manobra evasiva por parte do piloto do Tu-144, surpreendido pela presença do Mirage, ou uma câmera no interior da cabine de comando que poderia ter bloqueado momentaneamente os controles de voo da aeronave russa durante as manobras em voo.
As conclusões teriam agradado tanto os russos (que concluíram que não havia nenhum problema de projeto com o Tu-144) quanto os franceses que livraram o piloto do Mirage de responsabilidade no acidente. Depois disso todo o material relatado pela comissão teve caráter secreto. [5][6]
Em 23 de maio de 1978 um segundo acidente fatal ocorreu com o TU-144D número 77111. Durante um teste a ruptura de uma tubulação de combustível causou o vazamento de oito toneladas de combustível dentro da asa direita. O avião fez um pouso forçado em Yegoryevsk e foi destruído. Dois tripulantes morreram e seis ficaram feridos.[7][8]
Aeronaves produzidas
Ao todo, 17 aeronaves foram construídas entre os anos de 1965 e 1984. Dentre essas aeronaves, uma teve a sua construção interrompida em 1985, após o governo soviético cancelar o projeto do Tupolev Tu-144.
Estabeleceu 14 recordes mundiais em 1983, entre eles o recorde de teto sustentado com carga útil (18 200 metros (59 711 pés) / 30 toneladas),velocidade média em circuito fechado de 1 000 Km (2 031,55 km/h) e em circuito fechado de 2 000 Km (2 012,26 km/h).
Primeira (e única) aeronave do modelo Tu-144LL.
Último voo de um Tupolev Tu-144.
Último voo: 14 de abril de 1999.
443,28 horas de voo.
Preservado como monumento na Base Aérea de Zhukovsky.[23]
09-1
144D(004D)
CCCP-77115
Aeroflot
Voo inaugural: 4 de outubro de 1984.
Plataforma de treinamento para pilotos do ônibus espacial Buran.
Nunca operado pela Aeroflot.
Último Tupolev Tu-144 concluído
Último voo: 12 de maio de 1986.
38,34 horas de voo.
Armazenado nas instalações da Tupolev, Zhukovsky.[24]
09-2
144D(004D)
CCCP-77116
(Nunca registrado)
Construção interrompida após o cancelamento do programa do Tu-144.
Incompleto. Sucateado na Fábrica de Aviação de Voronezh.[25]
Tupolev Tu-144S SSSR-77110, uma das duas aeronaves utilizadas nos voos regulares de passageiros na rota Moscou - Alma-Ata, preservado com as cores originais da Aeroflot no Museu da Aviação em Ulyanovsk, Rússia.